terça-feira, 23 de setembro de 2008

Draftar Shards of Alara

Antes de começar este post, tenho que deixar 3 coisas bem claras: 1) nunca draftei shards; 2) ainda não vi as cartas todas da edição, nem sequer posso dizer que tenha visto a maior parte; 3) não sou um drafter genial... nem muito bom. Com prática acho que até consigo chegar a um bom nivel, mas não acho que seja dotado na arte do Draft. No entanto, há regras que se aplicam e acho que sou melhor a passar esses conceitos do que a usá-los. Espero que seja útil.

Para já, temos que ter em conta a premissa desta edição. As shardas vão ter 3 cores, o que quer dizer que os decks de draft se vão centrar em 2 cores de uma sharda tendo a 3ª como splash. Magic só tem 5 cores e, supondo que o jogador á vossa esquerda estará a draftar 3 cores, só restam 2 para vcs. a boa noticia é que essas 2 cores terão uma sharda em comum... a má noticia é que a terceira cor dessa sharda estará a ser usada pelo vosso adversário. Acho que o segredo dos drafts de Shards vai ser perceber qual é a sharda que contém as 2 cores deixadas livres pelo jogador á esquerda, definindo assim qual a sharda que vão usar. Admito até que possam fazer decks de 2 cores, mas acho que a edição tem demasiadas cartas boas de 3 cores para que isso aconteça. Além disso, a sobreposição de uma cor não é nada de especial, já que as cartas monocores deverão ser poucas e o que interessa e ter uma sharda livre para picar as cartas multicolores (quase de certeza mais potentes).
Neste tipo de ambiente, há 2 coisas a ter em conta:
1) Mana Fixers são importantes. Ao contrário de Shadowmoor, onde fazer decks monocolores era a decisão acertada, aqui vamos ter muitas cores e precisamos de fixers para que a base de mana suporte o deck. Lembram-se em Ravnica quando as Bounces eram picks elevados? Bem, não espero q hajam terrenos tão bons quanto esses (porque as bounces em algum número permitiam jogar com mais spells e menos terrenos no deck), mas serão picks altos na mm se conseguirem. suavizar a base de mana.
2) Não rende escolher uma sharda de inicio e forçar esse plano. Nos formatos multicolores (e especialmente em Ravnica) percebi que a melhor coisa a fazer é começar por picar as melhores cartas (2 a 3 picks) 3 ao mesmo tempo tentar perceber a sharda que está livre. Quando conseguir-mos "ler o draft", então está na altura de nos afundarmos nesse plano. A longo prazo esta estratégia tem vantagens, porque mesmo que percamos 1 ou 2 dos primeiros picks, melhoramos a qualidade dos picks nos últimos packs. Adicionalmente, tendo em conta que vamos jogar de 3 cores, é provável que um desses picks até acabe por ser nas nossas cores, o que óbviamente é sempre bom.

A partir daqui, o draft torna-se mais fácil, mas é importante ter sempre em conta a base de mana e o custo das cartas que estamos a picar. É muito fácil ficar screw com 3 cores ou acabar com uma base de mana pouco consistente porque estamos a tentar por tudo no deck. Isto é um erro. Para mim, a principal preocupação na concepção de um deck em limited é a consistência.
Li uma vez um artigo do Antoine Ruel (também conhecido como o Ruel mau :p) em que ele dizia que temos 2 hipótese em draft. Consistência ou Explosividade. Um deck Explosivo está cheio de bombas, mas não é muito consistente e fia-se sobretudo na sorte. Por outro lado, um deck consistente tenta fazer sempre a mesma coisa, jogo após jogo, e tem poucas bombas (só o suficiente para não afectar a consistência do deck). Na opinião do Antoine (e eu concordo), um jogador mau deve optar pela explosividade. Já que não vai conseguir bater um bom jogador por skill, tem que apostar na sorte. Já um bom jogador, sabe que se não tiver problemas de mana vai conseguir ganhar devido á sua habilidade superior, por isso quer ter um deck que não lhe dê problemas e o deixe jogar o seu jogo.
Embora ache que isto é verdade, penso que existe ainda um terceiro tipo de jogador: aquele que, sendo mau, quer melhorar o seu nivel. Eu enquadro-me neste terceiro grupo e opto sempre pela consistência. A única maneira de me tornar bom em limited, é aprender a jogar o jogo e para isso, tenho que me basear em mim e jogar cada vez melhor. Um mau jogador, enquanto se esconder atrás da sorte e não enfrentar o magic a sério, nunca vai ser um bom jogador. É preciso adquirir certos conhecimentos e perceber o que realmente importa num draft.
Sendo o draft de Shards ou de outro qualquer formato, acho que é importante perceber a importância da consistência e, ás vezes, ganham-se drafts deixando passar bombas e pickando cartas que embora mais fracas, se encaixam melhor no nosso deck.

Aprender a jogar limited bem é um processo (moroso e complicado), mas espero ter conseguido partilhar algo do pouco que sei ;)

Luis Ribeiro

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